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Delação de Cid aponta Michelle e Eduardo Bolsonaro em ala “mais radical” do ato golpista

por | jan 26, 2025 | Últimas notícias

Cid afirmou que o ex-presidente Bolsonaro era aconselhado por três alas distintas e um dos grupos era a favor do golpe

O tenente-coronel Mauro Cid disse em seu primeiro depoimento na colaboração premiada que a ala “mais radical” do grupo que defendia um golpe de Estado no Brasil no final de 2022 incluía a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Michelle e Eduardo, no entanto, não foram indiciados no relatório da PF concluído mais de um ano após depoimento inicial do militar.

Segundo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Michelle e Eduardo faziam parte da ala mais radical, que também era composta por:

  • Onix Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro;
  • Jorge Seiff, senador;
  • Gilson Machado, ministro do Turismo do governo Bolsonaro;
  • Magno Malta, senador;
  • general Mario Fernandes, secretário executivo do general Luiz Eduardo Ramos.

Cid informou à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente era aconselhado por três grupos: um mais radical, outro formado por políticos conservadores e outro que ele classificou como “moderado”.

Generais da ativa faziam parte do grupo “moderado”, ala contra o golpe que temia que Bolsonaro fosse influenciado pelo grupo mais radical e assinasse “uma doideira”. De acordo com Cid, os participantes do grupo contra o golpe eram:

  • o comandante do Exército, general Freire Gomes;
  • o chefe do Departamento de Engenharia e Construção, general Arruda;
  • o chefe do Comando de Operações Terrestres, general Teófilo;
  • o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio.

acordo de delação de Cid foi firmado pela PF e reconhecido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de setembro.

Na delação, Cid aponta o ex-presidente como mandante dos supostos crimes de desvio de bens públicos e lavagem de dinheiro, que estão sendo investigados nessa frente de apuração.

Michelle nem Eduardo não foram indiciados

O relatório final da PF sobre a trama golpista foi finalizado em 21 de novembro de 2024, mas entre os 40 indiciados o nome de Michelle não é mencionado, e Eduardo é citado apenas superficialmente no documento, como contato no telefone celular de um dos investigados.

À época em que vazaram esses pontos da delação de Cid, Eduardo e Michelle negaram ter participado da trama do golpe. A defesa de Michelle considerou as afirmações “absurdas e sem qualquer amparo na verdade”. Eduardo disse que a delação de Cid não passava de “devaneio” e “fantasia”.

Atualmente, o relatório da PF está sob análise da Procuradoria-Geral da República, a quem cabe oferecer denúncia ao STF contra os 40 suspeitos ou arquivar os indiciamentos.

Michelle e Eduardo estão sendo cotados para disputar a Presidência em 2026, no lugar de Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030.

“Gabinete do ódio”

Cid também confirmou a existência do chamado “gabinete do ódio” na estrutura do governo. De acordo com ele, três assessores presidenciais utilizavam uma sala do Palácio do Planalto para produzir parte do conteúdo que o ex-presidente difundia para seus contatos e redes sociais.

Segundo a investigação da PF, o material continha ataques às instituições democráticas, como o STF.

Relógio e joias da Arábia Saudita

Na delação, Cid afirmou que recebeu uma “determinação” de Bolsonaro para avaliar o valor de um relógio Rolex e foi autorizado também a vender a peça junto com outros itens, que faziam parte de um kit de joias valiosas, dado pela Arábia Saudita como presente oficial.

As declarações do militar confirmam as suspeitas anteriores da PF de que as joias foram vendidas a mando do ex-presidente, que teria recebido os valores em dinheiro vivo para não deixar rastros.

*Com informações do g1 e da Folha de SP

Por Amabile Back

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